20120302

O PROCESSO

"Escolher é excluir" – Henri Bergson - Filósofo

O demorado processo de recuperação de um imóvel antigo acarreta várias ambiguidades nas diversas escolhas a realizar. Como comentamos anteriormente a opção por uma recuperação crua mantendo o máximo dos elementos históricos possíveis, foi algo que nos surgiu naturalmente, não tendo sido realmente fruto de um processo consciente de escolha.

No entanto, essa linha de actuação por mais simples que possa parecer, conduzirá consequentemente a duas questões que nos levarão meses a responder? Qual seria a empresa que poderia estar capacitada para esta tipologia de obra? E que valores monetários poderiam pressupor todas as nossas escolhas?

Dadas as características construtivas da casa e do tipo de trabalho a realizar, era obrigatório que a equipa construtora adjudicada fosse o mais experiente possível neste tipo de trabalhos. Infelizmente não tive um tio-avô no Brasil do qual herdei uma fortuna, pelo que toda esta fase estava limitada por um orçamento previamente estipulado e limitado… E portanto, todas as nossas decisões teriam que ter o cuidado de não extravasar essa limitação mas ao mesmo tempo não deveriam sacrificar o nosso objectivo final.

Por isso a nossa abordagem foi simples mas trabalhosa - contactar o maior n.º de empresas com reconhecida experiencia no mercado de recuperação urbana, na zona do Porto. Depois de uma recolha de informação do mercado, solicitamos disponibilidade para a nossa obra. De 18 empresas, cerca de 15 responderam afirmativamente.

A este n.º elevado de intervenientes, somam-se n. reuniões e multiplicam-se contactos telefónicos, o que torna a gestão aparentemente caótica. Mas os nossos objectivos eram claros - queríamos obter diversos pontos de vistas de múltiplas equipas e dada a situação actual do mercado da construção/concorrência entre empresas por obra, desejávamos secretamente ter boas surpresas nos orçamentos.

A ajudar à festa, parte dessas reuniões foram feitas com a minha “perna ao alto”, depois de uma intervenção de retirada de parafusos e placas, que um azarado jogo de futebol, um ano antes me tinha presenteado. Mesmo assim, todo esse conjunto de reuniões deu-nos um entusiasmo especial, quer pelas soluções que íamos “acimentando” quer pelo ânimo transmitido pelos responsáveis, eles próprios com uma demonstrada vontade de assumir uma obra com estas características.

Rapidamente das 15 opções se passou para as 10, pois o tempo disponível de alguns não permitiam reuniões ou então achavam que orçamentar uma obra seria muito trabalhoso. Mais leves ficávamos… pois obviamente não iríamos pensar entregar uma obra a alguém que só passado 3 semanas conseguia agendar uma reunião connosco, ou então referia que só prestava um orçamento grátis…Eles é que ficavam a perder (monetariamente e no seu portfolio!)

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