20120313

EL CORTE ARVORÊS

Depois da primeira visita de obra após as férias, agendamos com a Rielza reuniões periódicas para verificarmos o andamento dos trabalhos, esclarecermos dúvidas, planificarmos materiais e execuções. Desta forma, cria-se uma relação próxima de controlo e decisória sobre os trabalhos projectos entre os proprietários e os executores, evitando-se desvios pontuais e falta de esclarecimento sobre o que é pretendido.


Mesmo assim existirá sempre como guia o caderno de encargos e algumas peças desenhadas quando necessárias, com o detalhe minucioso para uma boa execução de obra. Dada a recente alteração da situação profissional da Beringela, suspeito que as reuniões de obra sejam antecipadas com diversas e possivelmente diárias visitas ao lusco-fusco (o possível no horário de inverno para quem chega de Guimarães).

Na 1ª reunião agendada com o Eng.º Flávio (responsável de obra da Rielza) pretendíamos visualizar o estado dos primeiros trabalhos, que basicamente se centravam em remoções, pequenas demolições e preparações de trabalhos! Antevia-se mais propriamente uma discussão sobre trabalhos futuros do que propriamente a vistoria de trabalhos elementares já realizados.


Não poderíamos estar mais enganados, e não querendo ser descomedido, deparamo-nos com uma trágica fatalidade desgraçadamente calamitosa! Ok, a casa estava de pé, as paredes de pé, o telhado no seu lugar, os tectos inteiros, as escadas com degraus, mas no jardim… Passo a relatar: quando nos abeiramos do jardim já nesse lusco-fusco, todo ele parecia mais amplo, pois possivelmente já tinham retirado o galinheiro antigo que ocupava o centro do logradouro!

Passado uns ligeiros segundos de visualização de entulho de obras, Patrícia exclama: onde estão as árvores? Pergunta um pouco metafórica pois não possuímos qualquer tipo de árvores em vasos com rodinhas que pudessem desaparecer do dia para a noite, mas justificável perante a surpresa de ver um jardim mais desnudado que o espectado.

Das 3 árvores “pré-existentes” no jardim, restava apenas a ultima de pé. O cenário das copas e dos troncos das árvores jazigadas nos jardim, dava a sensação que um lenhador assassino por lá tinha passado! Antigamente existia um Loureiro (não dos de Boavista), possivelmente um Diospireiro (embora essa classificação seja alvo de alguma discussão), e um linda Camélia. Ainda hoje não entendemos o porquê desta última ter sido poupada a esta “arvoricida”!

Mais surpreso que Patrícia ficou o Eng.º Flávio que possivelmente ficou pasmado por esta acção independente do jardineiro sem que houvesse ordens para tal. Estamos certos que durante a obra surgirão incorrecções, más execuções e enganos, o problema é que tipos de intervenções simplesmente não se podem rectificar. O Eng.º Flávio tentou dentro do possível reparar o sucedido oferecendo plantar uma ou duas árvores no final da obra.


Mais tarde e depois de vermos em detalhe o caderno de encargos, percebemos que o verdadeiro responsável deste terrível equivoco tinha sido o … Excel! Mai nada. Patrícia tinha colocado numa célula:
“Desmatação, decapagem e regularização do terreno, tendo em consideração a profundidade das caixas de pavimento, a ligação aos pavimentos existentes e a altura das camadas dos materiais a colocar, incluindo a sua compactação, nivelamento e definição das pendentes, e todos os trabalhos e materiais necessários à sua boa execução.”
e noutra célula identificava as medidas de 80 m2 e a existência de 3 árvores. Pois! Basta trocar de sítio uma das células e facilmente se lê “Desmatação, decapagem e regularização do terreno … – 3 árvores”.

O jardineiro tinha sido mesmo um herói que desobedeceu a uma indicação e poupou a Camélia. Por isso toda a nossa raiva vai para a Microsoft e as suas ferramentas uteis, mas assassinas de árvores: “Arde no inferno Bill Gates a comer um diospiro podre numa cama de raminhos de Loureiro!”

"Quando agredida, a natureza não se defende. Apenas se vinga." - Albert Einstein

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