20120327

2 ÁGUAS

"É mais alegre contarmos as estrelas do céu do que as pedras do caminho." – Gonçalves Ribeiro

O elemento principal e talvez integrado na lista dos Top 3 mais difíceis de executar, foi a clarabóia central em ferro forjado que se localiza sobre a escadaria.

A Rielza montou uma respeitável estrutura de andaimes que assentava no piso 1 (entrada) e elevava-se pela bomba da escadaria até ao piso 3 (cobertura).
















Tentou-se remover a clarabóia sem destruir as sancas em gesso que pela sua singularidade pretendíamos manter. Tinham os cantos arredondados, dando um ar muito modernista à cobertura.

Fica a recordação na reportagem fotográfica do Dr. El Gato, pois verificou-se que a clarabóia tinha demasiados pontos de fixação em ferro localizados atrás das sancas de gesso, tornando a remoção da mesma sem a destruição das sancas uma missão impossível.

Numa das visitas de final de dia à obra, a clarabóia tinha desaparecido…

Passada uma semana apareceu no seu lugar uma estrutura de ferro metalizada com o mesmo desenho, mas não encaixava na cobertura como a clarabóia original.













Foram medidos os erros e calculadas as diferenças entre a estrutura e a base de assentamento… e puff … a clarabóia voltou a desaparecer e quando voltou, voltou perfeita. Estava com alinhamento simétrico e aparentemente parece estar bem instalada.

Fica apenas por colocar os vidros (duplos - laminados pelo interior / térmicos pelo exterior) e falta uma chuvinha para pôr à prova todo trabalho executado.


20120320

4 ÁGUAS

“… era uma casa muito engraçada, não tinha tecto, não tinha nada …” – Vinícius de Moraes - musica tradicional infantil

O tratamento correcto da cobertura sempre foi a prioridade nº1, por se tratar da zona mais desprotegida da casa. Devido ao seu estado de degradação, a água das chuvas podia danificar o soalho do piso 3 e escadas, no futuro seria a zona com mais perdas térmicas se a sua recuperação não fosse devidamente cuidada.

Trata-se de uma cobertura de 4 águas com asnas de madeira de Riga à vista (quartos 3 e 4), que contém 2 pequenas janelas de sótão (1 em cada quarto) e uma clarabóia central sobre a escadaria, em ferro forjado com ventilação permanente para evitar o sobreaquecimento do espaço.

O objectivo passava por demolir a totalidade da cobertura composta por taipa no interior e telha Marselha no exterior, reconstruindo-a de forma a conservar a imagem interior, mas dotando-a de uma maior resistência térmica e acústica.













No lugar das pequenas janelas de sótão serão instaladas as duas grandes janelas da Fakro, adquiridas recentemente.













Quanto à clarabóia central em ferro forjado, pretende-se o difícil desafio de executar uma estrutura em ferro metalizado e pintado com tinta de forja, mantendo o desenho original com a ventilação permanente, mas fechada com vidro duplo laminado pelo interior e térmico pelo exterior, prevendo a redução de pontes térmicas no seu desenho de pormenor.

Depois de uma análise do que o mercado actualmente oferece, ponderando sempre as mais-valias da qualidade construtiva com a nossa capacidade económica em as adquirir (tudo super-visionado pelo gestor/tesoureiro Dr. el Gato), optamos pela seguinte receita:

- demolição de toda a cobertura, mantendo apenas as asnas e os barrotes de madeira (verificando-se a sua resistência e estado de conservação, um a um);
- forro em placas de OBS hidrófugo sobre os barrotes de madeira (para construir uma superfície uniforme para suporte de materiais);
- tela impermeável transpirante (para permitir que a condensação deslize sem danificar a estrutura);
- painéis de isolamento térmico com 6cm de espessura (para a melhoria térmica da casa);
- contra-ripado de PVC (para assentamento da telha);
- barreira anti-vapor (para evitar condensações);
- acabamento exterior em telha Marselha nova;
- acabamento interior em pladur com as asnas de madeira à vista (para manter a imagem dos quartos).

A drenagem das águas pluviais será feita por caleiras em zinco executadas à medida, que substituíram as caleiras originais localizadas sobre as paredes meeiras de granito e parede exterior do alçado principal também de granito, que drenam as águas da nossa cobertura e de metade da cobertura do nosso vizinho da casa a Sul.

A execução dos trabalhos foi feita com especial atenção, pois tratava-se de uma das zonas mais problemáticas, porque estava a deixar passar água para as paredes meeiras, que com o passar dos anos provocou a destruição do rodapé em madeira da sala de estar (piso 1).

Foi uma cobertura difícil de executar por apresentar 43º de inclinação. Devido a essa inclinação os quartos do piso 3 lembram-me 2 tendas de campismo gigantes…



20120313

MOSAICOS HIDRÁULICOS I

“… Os mosaicos são feitos na base de ferro pré-estabelecida de forma invertida. Isto é:
A primeira coisa a preencher os moldes são as cores.
Segue-se uma segunda camada a que se chama secante e que é composta por cal hidráulica, cimento e areia bem peneirados.
A terceira camada é de novo cimento e areia.
Depois é preciso empurrar o pesado molde de quase 15 quilos até à prensa que ajuda a compactar a mistura e, no final, é desenformar com cuidado.
No dia seguinte o mosaico passa umas horas dentro de água e depois seca entre duas a quatro semanas.
Na aplicação pode passar-se um protector sintético ou o tradicional óleo de linhaça, para evitar que o chão absorva manchas.
Depois é esperar que os anos passem…” - Jornal Público, 2 de Janeiro de 2012

Na primeira visita que a irmã de Beringela fez ao Bonjardim, o sol entrava pela cozinha realçando as cores do chão, e Mariana comentou que o pavimento da cozinha era tão bonito que para completar o quadro só faltava uma tigela de leite morno para os gatinhos. Essa imagem será fielmente reproduzida de forma a manter a memória do espaço.

Os mosaicos hidráulicos existentes no Bonjardim entraram na infindável lista de materiais a recuperar assim que descobrimos o seu apaixonante método de fabrico.

Pretendemos aproveitar os mosaicos hidráulicos texturados para colocar no wc (piso 2) e hall (piso 1) e os mosaicos hidráulicos da estrela para colocar no wc (piso 0).
Os mosaicos que se encontram demasiado gastos (cozinha), serão substituídos por mosaicos hidráulicos novos, feitos de acordo com o método tradicional e com o desenho original (estrela).

A Rielza dispunha de um trabalhador reconhecido por ser perfeccionista e paciente, que com perfeccionismo e paciência conseguiu remover todos os mosaicos hidráulicos e azulejos artesanais, sem os danificar, na perspectiva de um dia serem recolocados.
















Infelizmente, em Portugal parece que só existem dois fabricantes de mosaicos hidráulicos, a empresa Arte Vida criada por dois holandeses que se mudaram para Fronteira - Alentejo à procura de uma vida mais sossegada e começaram a produzir hidráulicos e a Fábrica de Mosaicos de Estremoz do Sr. Zagalo.

Beringela iniciou a procura da forma em ferro com o desenho da estrela que mais se aproximasse do mosaico original. Arte Vida foi consultada por e-mail e o Sr. Lúcio Zagalo por telefone (o método possível).

Arte Vida não tinha o desenho exacto, mas o Sr. Lúcio tinha cerca de 2000 formas de ferro com desenhos diferentes. Alguma delas teria a estrela?

A 4 de Fevereiro, empunhando um mosaico hidráulico estrela arrancado do chão da cozinha de Bonjardim, Dr. El Gato e Beringela rumaram a Estremoz na procura de uma estrela igual, sem antes seguirem os conselhos telefónicos do Sr. Lúcio…
“… venham agasalhados com um casaquinho, que aqui em Estremoz está muito frio!...”

Ao entrar na oficina fomos confrontados com os 2000 moldes em ferro reproduzidos em mosaicos, de todas as cores, a forrar as paredes até cerca de 3m de altura em toda a volta.

Tivemos tempo de procurar a nossa estrela e de escolher as cores, pois o Sr. Zagalo após a nossa chegada ausentou-se temporariamente para levar a casa a sua esposa e pincher de camisolinha de lã vermelha (também ele protegido do frio).

Foi apontada a encomenda num pedaço de cartão, pois existia um molde quase igual que vai levar uma alteraçãozinha para ficar mesmo como o original.

Quanto às cores escolhidas, vai ser surpresa! terão de ler o post referente ao dia em que voltaremos a Estremoz para carregar a carrinha do pai de Beringela com 500kg de hidráulicos coloridos…

EL CORTE ARVORÊS

Depois da primeira visita de obra após as férias, agendamos com a Rielza reuniões periódicas para verificarmos o andamento dos trabalhos, esclarecermos dúvidas, planificarmos materiais e execuções. Desta forma, cria-se uma relação próxima de controlo e decisória sobre os trabalhos projectos entre os proprietários e os executores, evitando-se desvios pontuais e falta de esclarecimento sobre o que é pretendido.


Mesmo assim existirá sempre como guia o caderno de encargos e algumas peças desenhadas quando necessárias, com o detalhe minucioso para uma boa execução de obra. Dada a recente alteração da situação profissional da Beringela, suspeito que as reuniões de obra sejam antecipadas com diversas e possivelmente diárias visitas ao lusco-fusco (o possível no horário de inverno para quem chega de Guimarães).

Na 1ª reunião agendada com o Eng.º Flávio (responsável de obra da Rielza) pretendíamos visualizar o estado dos primeiros trabalhos, que basicamente se centravam em remoções, pequenas demolições e preparações de trabalhos! Antevia-se mais propriamente uma discussão sobre trabalhos futuros do que propriamente a vistoria de trabalhos elementares já realizados.


Não poderíamos estar mais enganados, e não querendo ser descomedido, deparamo-nos com uma trágica fatalidade desgraçadamente calamitosa! Ok, a casa estava de pé, as paredes de pé, o telhado no seu lugar, os tectos inteiros, as escadas com degraus, mas no jardim… Passo a relatar: quando nos abeiramos do jardim já nesse lusco-fusco, todo ele parecia mais amplo, pois possivelmente já tinham retirado o galinheiro antigo que ocupava o centro do logradouro!

Passado uns ligeiros segundos de visualização de entulho de obras, Patrícia exclama: onde estão as árvores? Pergunta um pouco metafórica pois não possuímos qualquer tipo de árvores em vasos com rodinhas que pudessem desaparecer do dia para a noite, mas justificável perante a surpresa de ver um jardim mais desnudado que o espectado.

Das 3 árvores “pré-existentes” no jardim, restava apenas a ultima de pé. O cenário das copas e dos troncos das árvores jazigadas nos jardim, dava a sensação que um lenhador assassino por lá tinha passado! Antigamente existia um Loureiro (não dos de Boavista), possivelmente um Diospireiro (embora essa classificação seja alvo de alguma discussão), e um linda Camélia. Ainda hoje não entendemos o porquê desta última ter sido poupada a esta “arvoricida”!

Mais surpreso que Patrícia ficou o Eng.º Flávio que possivelmente ficou pasmado por esta acção independente do jardineiro sem que houvesse ordens para tal. Estamos certos que durante a obra surgirão incorrecções, más execuções e enganos, o problema é que tipos de intervenções simplesmente não se podem rectificar. O Eng.º Flávio tentou dentro do possível reparar o sucedido oferecendo plantar uma ou duas árvores no final da obra.


Mais tarde e depois de vermos em detalhe o caderno de encargos, percebemos que o verdadeiro responsável deste terrível equivoco tinha sido o … Excel! Mai nada. Patrícia tinha colocado numa célula:
“Desmatação, decapagem e regularização do terreno, tendo em consideração a profundidade das caixas de pavimento, a ligação aos pavimentos existentes e a altura das camadas dos materiais a colocar, incluindo a sua compactação, nivelamento e definição das pendentes, e todos os trabalhos e materiais necessários à sua boa execução.”
e noutra célula identificava as medidas de 80 m2 e a existência de 3 árvores. Pois! Basta trocar de sítio uma das células e facilmente se lê “Desmatação, decapagem e regularização do terreno … – 3 árvores”.

O jardineiro tinha sido mesmo um herói que desobedeceu a uma indicação e poupou a Camélia. Por isso toda a nossa raiva vai para a Microsoft e as suas ferramentas uteis, mas assassinas de árvores: “Arde no inferno Bill Gates a comer um diospiro podre numa cama de raminhos de Loureiro!”

"Quando agredida, a natureza não se defende. Apenas se vinga." - Albert Einstein

20120305

OBRA vs FÉRIAS

A 18 de Novembro acordámos o valor final a contratualizar com a construtora Rielza e partimos para as desejadas férias. Os mergulhos em Cuba e as caminhadas na Costa Rica tinham sido consecutivamente adiados desde Agosto em prol de um rápido início das obras.

Rielza arrancou de imediato com os trabalhos na nossa ausência, avançando com a instalação de uma protecção reforçada para a cobertura/clarabóia e a remoção de todo o papel de parede.

Enquanto carregávamos baterias num hotel da praia Este de Havana, efectuámos pela internet a nossa primeira compra de material para a casa (as duas janelas de sótão da Fakro), compra essa só possível com o incondicional apoio do nosso enviado especial em Portugal (Beringela´s mother).

Chegámos de férias com curiosidade em voltar a entrar no Bonjardim. Tal como nós, também a casa exibia um novo tom de pele, agora com novas cores que estiveram longos anos escondidas sob o papel de parede removido.

Começou nas nossas férias o tortuoso caminho para a recuperação da nossa casa, e se tudo correr como previsto, a conclusão das obras será comemorada com mais férias!
Somos movidos pelos estímulos que criamos!...

"Em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar." - Miguel Torga

20120302

TCHANAMMM!!!...

A ESCOLHA

"Casa grande, trabalhos grandes" - provérbio

Foi curioso conhecer o” verdadeiro construtor” – aquele que mete mão-a-tudo, a engenheira muda que não dava uma opinião válida; o Sr. orgulhoso dos caixilhos de alumínio imitação de madeira. Mas a maioria dos contactos foram produtivos. Trocaram-se pontos de vistas, deram-se opiniões inovadoras, colheram-se sensibilidades, obtiveram-se estimativas de custos e mais importante conheceram-se as pessoas e as suas ideias/experiências.

Possivelmente o pior momento de todo o processo, sucedeu na muita aguardada recepção do 1º orçamento. A expectativa rapidamente se converteu num enorme vazio e numa decepção que nos fez parar e interrogar todas as nossas opções. Inclusive fez-me (nos) questionar a própria compra do Bonjardim 953… Andamos uns dias atarantados e cabisbaixos, a pensar nos porquês e nos erros cometidos.

Para se ter uma noção financeira, esse 1º orçamento rondava os 250% do valor que adjudicado no final deste processo. Os outros 9 orçamentos foram igualmente surpreendentes com valores entre os [200%-300%] do que desejávamos e do que poderíamos assumir. Mas os projectos não são sempre um mar de rosas e não nos poderíamos dar por vencidos na 1ª grande contrariedade.

Depois de algum debate e procura identificamos o nosso erro principal - a criação de um orçamento de obra desprovido de qualquer noção básica dos custos de cada rubrica. O somatório desse descuido foi nos apresentado de bandeja sob a forma de uma conta elevada. Só existia uma possibilidade, pegar no orçamento de pernas-para-o-ar e basicamente “desconstruir” todas as nossas ideias.

Não querendo dar falsas modéstias a ninguém, a arquitecta-chefa-proprietária não descansou enquanto não traçou um eficiente plano que permitiu reestruturar o projecto não comprometendo as nossas principais opções e ao mesmo tempo conseguiu cortar nos trabalhos e matérias que significativamente reduzissem os encargos. O resultado foi … surpreendente! Dado que o corte principal foi nas nossas “invenções modernistas” posso mesmo afirmar que o nosso objectivo final até ficou mais próximo!

As empresas na sua maioria responderam positivamente as alterações por nós solicitadas e apresentaram um 2º orçamento rectificado, que nos deu uma sensação de “pés-na-terra” e que mesmo apresentado ainda valores elevados nos permitiu pensar que com algum trabalho adicional poderíamos chegar a valores exequíveis para a nossa bolsa.

Esse trabalho adicional, um pouco mais duro, pois se dedicou a ir ao detalhe de cada elemento orçamentado, foi honestamente apenas acompanhado por um conjunto de 3/4 empresas. Nesta fase o mérito vai na sua maioria para essas empresas e pessoas que nos acompanharam, pois a certa altura pareciam ter o mesmo gosto pelo projecto que os proprietários. Foi mesmo necessário um 3º orçamento por forma a clarificar as novas opções aportadas.

O trabalho estava quase finalizado… até entrarmos na negociação! Em termos de opções construtivas estávamos agora certos do que queríamos. As empresas deram os seus últimos orçamentos e referiram-nos a sua vontade de ficar com a obra (possivelmente um mix de vontade económica e de um desejo construtivo gerado por este envolvimento).

A nossa decisão final estava entre três equipas construtivas. Duas eram totalmente de confiança e com um apoio incansável, mas o seu preço mais elevado; e uma outra bastante mais barata com experiencia mas que não nos aportava tanta confiança. A decisão não foi fácil, mas penso que como tudo o equilíbrio acaba por vencer, e no final acabamos por abjudicar a obra à empresa que desde o início sentimos que era a nossa favorita.

A construtora Rielza desde o dia 1 tinha demonstrado capacidade para esta obra, pelo seu histórico, pelas pessoas que nos acompanharam ao longo do processo (orçamentista; responsável de obra; direcção); pelo acessoramento nas soluções construtivas; pelo apoio na cobertura no período meteorológico desfavorável; pela hombridade na negociação; por tudo em geral!

Para quem ache fácil todas estas situações, refiro apenas que o processo descrito neste post demorou uns singelos 4 meses. Meses esses de permanente e de múltiplos contactos, reuniões, folhas de excel, acesas discussões e bastante trabalho… O proveito: reduzir para menos de metade a média dos primeiros orçamentos. O resultado? A nossa casa, e a certeza que tínhamos feito as melhores escolhas!












O PROCESSO

"Escolher é excluir" – Henri Bergson - Filósofo

O demorado processo de recuperação de um imóvel antigo acarreta várias ambiguidades nas diversas escolhas a realizar. Como comentamos anteriormente a opção por uma recuperação crua mantendo o máximo dos elementos históricos possíveis, foi algo que nos surgiu naturalmente, não tendo sido realmente fruto de um processo consciente de escolha.

No entanto, essa linha de actuação por mais simples que possa parecer, conduzirá consequentemente a duas questões que nos levarão meses a responder? Qual seria a empresa que poderia estar capacitada para esta tipologia de obra? E que valores monetários poderiam pressupor todas as nossas escolhas?

Dadas as características construtivas da casa e do tipo de trabalho a realizar, era obrigatório que a equipa construtora adjudicada fosse o mais experiente possível neste tipo de trabalhos. Infelizmente não tive um tio-avô no Brasil do qual herdei uma fortuna, pelo que toda esta fase estava limitada por um orçamento previamente estipulado e limitado… E portanto, todas as nossas decisões teriam que ter o cuidado de não extravasar essa limitação mas ao mesmo tempo não deveriam sacrificar o nosso objectivo final.

Por isso a nossa abordagem foi simples mas trabalhosa - contactar o maior n.º de empresas com reconhecida experiencia no mercado de recuperação urbana, na zona do Porto. Depois de uma recolha de informação do mercado, solicitamos disponibilidade para a nossa obra. De 18 empresas, cerca de 15 responderam afirmativamente.

A este n.º elevado de intervenientes, somam-se n. reuniões e multiplicam-se contactos telefónicos, o que torna a gestão aparentemente caótica. Mas os nossos objectivos eram claros - queríamos obter diversos pontos de vistas de múltiplas equipas e dada a situação actual do mercado da construção/concorrência entre empresas por obra, desejávamos secretamente ter boas surpresas nos orçamentos.

A ajudar à festa, parte dessas reuniões foram feitas com a minha “perna ao alto”, depois de uma intervenção de retirada de parafusos e placas, que um azarado jogo de futebol, um ano antes me tinha presenteado. Mesmo assim, todo esse conjunto de reuniões deu-nos um entusiasmo especial, quer pelas soluções que íamos “acimentando” quer pelo ânimo transmitido pelos responsáveis, eles próprios com uma demonstrada vontade de assumir uma obra com estas características.

Rapidamente das 15 opções se passou para as 10, pois o tempo disponível de alguns não permitiam reuniões ou então achavam que orçamentar uma obra seria muito trabalhoso. Mais leves ficávamos… pois obviamente não iríamos pensar entregar uma obra a alguém que só passado 3 semanas conseguia agendar uma reunião connosco, ou então referia que só prestava um orçamento grátis…Eles é que ficavam a perder (monetariamente e no seu portfolio!)