20120201

O ENCONTRO

“Toda a verdadeira vida é encontro” Martin Buber – Filósofo

A fase consciente inicia-se na decisão da procura por alternativa ao nosso quadradinho de 60 m2. Especialmente porque a investigação foi realizada na zona de Cedofeita/St.º Ildefonso, obrigatoriamente esbarrando em 1.001 propostas de casas antigas abandonadas ou semi-abandonadas, algumas delas simplesmente esplêndidas mas com algum grau de degradação.


A decisão de aquisição de um imóvel deste género não é fácil dado que o seu valor económico não se confina apenas ao montante monetário solicitado para a sua aquisição. Para além desse valor que apenas serve como pilar de referência, teremos de adicionar todas as expectativas de custos de adaptação do imóvel às necessidades e conforto dos nossos dias, não esquecendo uma necessária margem de manobra para eventuais “surpresas” que acabam sempre por surgir.

Dessa forma, e desde o ponto de vista de um gestor o processo na procura da melhor solução, passa por uma pesquisa exaustiva, análise de todos os custos associados, e rentabilização dos recursos disponíveis. Mas, tal como os importantes encontros da nossa vida, aqueles que nos marcam são possivelmente os mais fortuitos e que nos geram um sentimento de “amor-à-1ª vista”, e nesse capitulo a nossa experiencia tem sido vasta e frutuosa!

Num matinal sábado dorminhoco, graças à minha cúmplice ferramenta do Google Alerts ®, apercebo-me que foram recentemente colocadas à venda 3 casas em Stº Ildefonso, não muito longe da nossa actual morada. As primeiras fotos com pouca luz, impressionam pela traça e pela áurea de alguns elementos (escadaria; jardim; clarabóia e rodapés altos). Num aparente estado de pouca degradação, o preço não está proibitivo e as áreas até são maiores do que a nossa necessidade.

Rapidamente envio um e-mail para a patroa com o singelo título “A CASA”. Dessa forma aguço o seu apetite tardio matinal na leitura dos seus e-mails. Os seus olhos brilharam e quiseram marcar para esse próprio dia uma visita, que só não foi possível pois a Imobiliária estava encerrada ao fim-de-semana. Mesmo assim, nessa mesma tarde fomos vaguear pela zona até perceber quais eram as casas pelo seu exterior. Com esse objectivo alcançado, a curiosidade para ver os imóveis por dentro tornou a espera de 5 dias, agonizante, especialmente para a arquitecta.

Essa agonia rapidamente se tornou em amargura aquando do telefonema para a Imobiliária Cummings que informa que uma das casas (a do Bonjardim, 953) já … não está à venda?! Depois de alguma baba & ranho derramados, decidimos contactar a MC Imobiliária (a outra imobiliária que também tinha as outras casas anunciadas) e que se prontificou a guiar-nos pelo interior das mesmas no Sábado seguinte.

Foram 7 dias de roer de unhas, que terminaram ao 12:00, na Rua do Bonjardim, no 953, com Patrícia a abanar assertivamente a cabeça, contra qualquer boa regra de negociação imobiliária. Previa-se que a visita às 2 outras casas (do outro lado do quarteirão – da mesma família) não seriam tão impactantes, e realmente não o foram!

A menina-dos-nossos-olhos estava encontrada, e o nosso pensamento quando de lá saímos nesse dia, era como é que conseguíramos ir lá passar os nossos próximos (longos) anos.