20120813

BANHEIRA

"Sou remédio e sou regalo de toda a casta de gente, porém tenho um certo tempo, que sou mais conveniente, vegetal ou mineral, me faz no mundo existir, sem um dos quatro elementos de pouco posso servir. Trago à memória das gentes da cova a triste pintura, mas recebendo em mim corpos, não sou deles sepultura."

E da primeira vez que pisamos o solo do Bonjardim, depois da boca entreaberta pelo espanto da proporção da escadaria, outro elemento presente na casa-de-banho nos cativou a atenção. Jazia sozinha no meio das instalações sanitárias, uma banheira! Nada de especial, para um water closet caso não se tratasse literalmente de uma banheira de patas.

Mais incrível que a preservação de elementos arquitectónicos, o Bonjardim conseguia ainda manter equipamentos e apontamentos decorativos que se não forem originais por ventura não ultrapassarão a década de 50. Falamos dessa banheira; de elementos de iluminaria (vulgo candeeiros) e instalação da mesma; de alguns equipamentos no jardim (uma bela nora; um alpendre armado); e de motivos decoracionais (nas portas e nas janelas).

Todas estas leituras realizadas ao mesmo tempo são como se nos transportassem por um filme de época pelos corredores de uma casa que bem soube preservar a sua história e que evoluiu conforme as necessidades dos seus habitantes mas que nunca cometeram crimes de época, a troco de uma qualquer moda passageira ou conforto económico.

A banheira é um exemplo disso, para o bem e para o mal. Para o bem, pois devido às necessidades dos seus habitantes tratava-se do elemento central da limpeza e higiene dos mesmos, segundo nos rezam os comentários de vizinhos com memória. Dai a sua centralidade e relevância no centro das instalações sanitárias.

Infelizmente para o nosso mal, as dimensões da casa-de-banho não permitiriam conciliar equipamentos para duche e para banho. Ora, como todos sabemos as necessidades do dia-a-dia moderno apelam com maior frequência a um chuveiro rápido do que a um banho longo e refastelado. Dessa forma, e contra nossa vontade, este elemento tão estimado deveria ser deslocado do w.c. renovado, dadas as suas dimensões.

Como as outras casas-de-banho serão apenas de serviço (nenhuma será apta a duches), a banheira tao pouco poderia transitar para outro piso… Com a nossa conhecida teimosia, este elemento deveria permanecer no Bonjardim, mesmo que para isso a sua principal função fosse alterada.

Começaram a surgir ideias em brainstorming e sem dúvida a mais original foi a de Patrícia que sempre desejou um vaso gigante para cultivar a sua planta favorita, os catos (que paradoxalmente e para os menos entendidos, de pouca água precisam…). Assim estava definido, da casa de banho para o jardim a bela banheira de época iria servir agora de aposento a diversos espécimes rugosas e espinhosas.

Porém, um amigo mais próximo que numa visita a casa, teve uma ideia também excelente: já que estaria no jardim, porque não servir de apoio à refrigeração de umas belas minis como base de gelo?! Obviamente influenciado pelas suas recentes passagens por Angola, onde os sistemas de frio terão primazia sobre qualquer planta…. esta ideia não foi deitada fora!

Depois de muito ideias e de muitos pensamentos, a decisão era obvia! Fazer um mix dos dois! Catos e Minis! Possivelmente a primeira banheira seca de um lado e refrescante por outra, irá ser desenhada de forma a acomodar no mesmo espaço uma quantidade de terra suficiente vs um repositório apropriado para receber umas belas dúzias de minis para as tardes/noites de verão!

A banheira será então o novo lar de uns catos Super e de umas minis sem espinhos!




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